D4

Em tempos de entressafra (fazendo a imaculada para o boy), você faz uma ANÁLise da sua vida afetiva e sexual.

Esses dias tive um ”dejafuck” com um francês (sim, eles fazem jus à invenção do beijo de língua), e caros leitores faço um convite a vocês, please, venham para esse ménage, eu, vocês e minha obsessão por relacionamentos à distância.

Creio que essa idealização do amor romântico=complexo, confuso, difícil é a tríade perfeita para me deixar D4, ou simplesmente porque adoro aquela tortura da saudade, finalizando com um sexo delicioso, abrupto. Porque namorar à distância envolve mais ódio do que amor, então a hora de transar é a hora de descontar toda sua raiva na pessoa. E em Sessão de Terapia (GNT), Theo disse que temos que externalizar todos os sentimentos, canalizá-los da melhor maneira. E existe forma mais eficaz do que sexo selvagem???

E depois que extravasou toda a sua raiva transando, você lembra que gosta daquela pessoa, ai vocês saem do limbo e vão direto para o ”Nosso Lar”. É tanto carinho, tanta melação, que até esquecem da última encarnação, aquela que brigavam por ciúmes e carência (vulgo: te vi na foto com a fulana tal na timeline do seu amigo).

Este triangulo amoroso, eu, ponte aérea e o gostoso da vez é algo renitente na minha vida, e graças a Deus, além de conhecer lugares novos a parte maravilhosa do relacionamento é fazer textos, ou melhor, personagens e é aí que entra o D4.

Desde muito nova (vou colocar 15 anos para não escandalizar pessoas) minhas amigas quando se trata de sacanagem falam: “Chamem a Milena para ajudar”. Calma eu nunca transei com amigas, sou hetero #gostodecoisasquepreenchem (não tô falando de dedos entrelaçados)

O fato é quando elas querem surpreender o lover, eu sou a consultora mor. Talvez meu histórico (escolar #10) tenha contribuído para tal fama, pois lembro que aos seis anos de idade eu ia para o colégio de saia e na hora do recreio ficava rodando para os meninos verem minha calcinha (fase libidinal #freudexplica).

 

Um pouco mais tarde com uns vinte anos eu terminei com um boyfriend de anos, tipo aquelas relações que terminam e voltam toda semana, e você adia o término definitivo por falta de vergonha na cara, e todo mundo sabe que namoro assim não vai pra frente.

Após a vigésima ruptura comecei um outro enlace, mas esse era mais pelo msn (saudades dos emoticons de sacanagem) e telefone. Sabe aquelas ligações de 1,50 o minuto?? Éramos viciados, não dormíamos uma noite sem transar (virtualmente).

E para não deixar esse amor clandestino cair na rotina, íamos para a webcam, altas técnicas de strip tease, chair dance e twerk (viu o clipe Anaconda da Nicki Minaj?)Permanecer num romance assim exige muito alongamento, é preciso se esforçar para manter a chama, dali redtube.

Essa época mezzo solteira,  na vibe maravilhosa de livre, porém amada, ir para balada é um oásis, você paquera todo mundo, mas não pega ninguém ou seja, um shiatsu no ego.

Um dos meus programas favoritos era os barzinhos com os amigos de profissão: os atores e os jornalistas, então ficava entre a notícia e a atuação, e claro que a esquete favorita era meu ”lance” à distância, e pasmem essa época eu não ingeria uma gota de álcool (já nasci bêbada)!

Nossos encontros eram um stand up comedy gratuito para os mortais (amigos não atores), muitas histórias, então quatro amigos resolveram profissionalizar e dividir com o mundo o humor rápido e inteligente. Surge o grupo de comédia D4, com o espetáculo: Chupando Drops. Nosso lema: transformar banalidade em especialidade.

Todos nós éramos atores-autores, e comecei com meu ”ralacionamento”, as maneiras absurdas que mantínhamos uma conexão(wifi). Maysa contava as suas inúmeras tentativas de (d)encontros, Clodoaldo o quase casado, com seu humor inocente, e Rodrigo.

A direção era coletiva, mas Rô era quem dava o veredito final, e eu resolvi produzir essa loucura que durou um ano, talvez o melhor ano da minha vida. Viajava numa companhia de teatro infantil e chegava em Goiânia  para falar minhas putarias, e ganhava dinheiro para isso.

Os ensaios aconteciam na minha casa e depois repetíamos o ritual do bar, bom já dar para sacar que nossa produção era mesmo na boêmia. Nossa estreia foi no bar Chopp 10.

 

A dinâmica era conquistar o público desde o início, como fazemos nos relacionamentos: damos algo para agradar, no nosso caso eram balas. Os quatro atores vestidos de Chanel, Prada e Oscar de la Renta, ou seja, sem figurino iam até às mesas conversar com as pessoas, improvisávamos as piadas ali mesmo, com pretexto que o público só saberia no final, tipo aquela garota gostosa que o cara começa a sair e no final ela se mostra uma psicopata.

”Oi tudo bem??Tá sozinha hoje, não é? Chupa um drops que passa”. O drops era a catarse, era a expressão: tudo pode ficar melhor se você chupar ou essa bala é a solução, a mágica (mas não entorpece, tá baby?). Ou seja, você está aqui para esquecer todos os problemas e não tem volta. Quer a bala azul ou vermelha? (Matrix).

 

A pessoa toda ingênua aceitava a bala e depois que tinha levado aquele chá (fazemos isso no início da relação) vinha a parte do compromisso. Entregávamos um papel para a pessoa perguntando o que a deixava D4. Poderia ser a posição, poderia ser de boca aberta (neste caso não é para sexo oral), ou pasma! Cada um poderia associar e interpretar do jeito que queria, não precisava assinar, mas a gente dava uma conferida na resposta e na cara do sujeito.

 

Depois de fazer as pessoas usarem a língua e os dedos, chupando and escrevendo recolhíamos os papéis e íamos para coxia, para o grande show.

Começava a música… (só de lembrar tenho um orgasmo) “Crazy in love” da Beyonce, entrávamos, dançávamos e fazíamos a abertura do show.

 

Fiz vários personagens, o primeiro foi Samantha, uma mulher que trabalhava no disque sexo. Ela era poliglota, ”oh yes baby… my p…very hot…ui je t’aime mon amour…” orgasmos com todas as vogais e no final exercícios junto com a plateia, porque ela fazia um acompanhamento com a fonoaudióloga, e ensinava a plateia a relaxar as pregas…vocais, quem não obedecia subia no palco…quem recorda do bordão: Faça…faça…sussurrando?? O melhor era minha mãe aplaudindo e falando para as pessoas: ”É minha filha ”, toda orgulhosa, imagina sua mãe te ver gemendo mesmo de brincadeira em todos os idiomas e vogais??? Oscar para mim!

 

         Maysa Oliveira arrasava contando sobre suas histórias, homens que roubavam o cardápio do motel,                  alcoólatras, e por fim a adaptação do livro “A vida sexual da mulher feia” (coisa que ela não é nem de longe)

Clodoaldo Silva arrasando como um Super Nany Night ensinando, (educando) as pessoas a se comportarem na balada, ou seja dicas de pegação. Quem não entrasse na onda da micareta ia para o tapetinho da disciplina!!Clodoaldo Silva arrasando como um Super Nany Night ensinando, (educando) as pessoas a se comportarem na balada, ou seja dicas de pegação. Quem não entrasse na onda da micareta ia para o tapetinho da disciplina!!

Clodoaldo Silva arrasando como um Super Nany Night ensinando, (educando) as pessoas a se comportarem na balada, ou seja dicas de pegação. Quem não entrasse na onda da micareta ia para o tapetinho da disciplina!!

                                                           

 

 

 

         

 

 

 

Já beijou hoje???


                                                            Teve também  Amy e o Guru.

 

                       ‘E Rodrigo Jubé com a Gorda e o bêbedo..”Juju vem buscar seu maridinho”

Depois da apresentação de todos os personagens ( on man show) voltávamos os quatro para o palco de cara limpa, para ler as respostas da plateia (stand up). Era a parte mais divertida, improvisávamos, interagíamos e sacaneávamos (amigos) com uma perspicácia, humor e inteligência… Era o ápice do espetáculo!!!

Fora o Rafael Aguiar que fazia o som, Luciana Peres que nos fotografou, Larissa Moura que me deu dicas reais de exercícios que  fonoaudiólogas usam, que fiz questão de deturpar e transformar em algo sexual, Leonardo (primo) que fez todo material gráfico e claro ao Bolshoi um lugar incrível em Goiânia que tivemos o prazer de permanecer durante um ano, todas as quartas D4, meu muito obrigada!!!E um agradecimento especial para todos os homens com DDD diferente do meu.

Por fim minha bússola emocional sempre aponta para: turbulências com happy end.

O namoro à distância foi uma engrenagem necessária para que as outras se movessem em direção à comédia. Meus relacionamentos me inspiram, claro que hoje em dia sou menos efusiva, faço questão de preservar o dito cujo, não expor nossa intimidade (nem para as amigas), mas algo nunca mudará…escolho sempre os que me deixam D4, mesmo a quilômetros de distância. Mas pega logo este avião, que minha especialidade é chupar drops (Ps: pode ser no deck da Lagoa como da última vez).

Objeto de desejo:MICROFONE!